sábado, 9 de junho de 2012

DIVERSIDADES


Diversidades regionais da África





Noz de cola

Na África Ocidental os povos próximos da floresta, eram sociedades menos hierarquizadas. Região dos iorubas. Chegou nessa região (Costa do Marfim) para comercializar a noz de cola (saciava a sede no deserto), fruta muita cobiçada pelos povos nômades. Os comerciantes, como os portugueses, iam até a floresta comprar noz de cola, inimigos de guerra e presa de marfim.

A partir do século XV, os portugueses começaram negociar diretamente com o “povo do ouro” sem intermédio dos povos do Saara. Além de se monetarizar, Portugal se coloca como difusor da fé cristã, por esse motivo, que investiram muito em embarcações para chegar ao ouro e as comunidades pagãs.



                        Fortaleza de São Jorge da Mina e Castelo no monte de S. Tiago (1750).

No golfo do Benin abaixo do rio Niger, os Portugueses construíram o castelo São Jorge da Mina (1487), fortaleza para entreposto do comercio. Em torno dos fortes começa a europeização dos africanos e africanização dos europeus com os casamentos. Os chefes deixaram os portugueses construírem seus fortes, mediante pagamento. A relação da sociedade africana com o externo foi se solidificando a partir do século XV, no Atlântico. Começa aí, uma dinâmica caravela versos caravana e os povos africanos da costa, negocia com as duas opções e disputam ouro e escravos.

No século XVII o forte de São Jorge da Mina é ocupado pelos holandeses (1637), e os escravos que saem dessa região para o Brasil são chamados de povos da mina e aqui no Brasil, mina se torna uma variação genérica de vários povos.

Hoje, mesmo com a colonização, o Benin tem uma identidade própria e uma unidade política conciliando entre o tradicional e o moderno.








África Central e do Sul –os povos bantos eram detentores da metalurgia e agricultura. As fontes escritas de conhecimento dessas regiões africanas são relatadas por portugueses, antes disso, era conhecido através da arqueologia e relatos orais, eram sociedades que não conheciam a escrita.

A história do lugar era abstraída através da memória, relatado oralmente por mestres que era passível de mudanças toda vez que era contada. A escrita é mais fiel.

Os portugueses chegam à foz do rio Congo (1491), e passa a ter uma relação comercial.

A família e a religião têm grande importância para esses povos. O que chamamos de religião para esses povos é um componente de vida, um relacionamento entre vida e morte. Os cultos são feitos para continuarem existindo e o rei era também o chefe religioso que faz a intermediação entre os dois mundos. O chefe de uma linhagem mais importante tem mais poder sobre os chefes menores que tinha autonomia de administração local, porém pagava um tributo ao grande chefe, com ouro. Permitindo, a criação de uma elite de chefes, guerreiros até nas cidades.

Os casamentos eram importantes, pois confirmam alianças com os outros grupos, o chefe se articula com os outros chefes de outras linhagens e com suas várias mulheres.

Na região do Congo, seus produtos era o sal, que vinham da costa, os tubérculos, da floresta, tecidos e conchas. As cargas desses produtos eram feitos por homens (escravidão domestica) um extrato inferior, porém pessoas mais ou menos comuns que fizeram o trabalho pesado.

Mbanza Kongo, cidade muito importante que está nessa rota de comercio, é o único reino que no século XVI a se converter ao catolicismo. Eram batizados e recebiam um nome português, essa incorporação fortalecia o rei.

Os portugueses são os pioneiros em se instalar no interior da África e se africanizar.

Primeiro foram os portugueses que empreendem guerras contra os africanos, depois são os próprios africanos que fazem guerra aos povos bantos para vendê-los. Esses povos chegam ao Brasil a partir do século XVI até o século XIX, daí vem a nossa maior influencia banto, como a língua.

O termo banto refere-se ao grupo lingüístico e não tem conotação etnológica.



Ilha de Moçambique 1616 por Bertino





África oriental e Insular Atlântica – os países dessa região têm contato com o mundo exterior desde o século IV, com a Pérsia e Índia. Tinham embarcações muito precárias e era a circulação dos ventos (monções) que os levavam e traziam.





Os chineses usavam as rotas indianas para buscar mercadorias de luxo com marfim, âmbar, casco de tartaruga, conchas, contas, resinas e também ouro no interior de Zambezia, e esses povos levavam para a África tecidos e porcelana.

Os árabes implantaram cidades nas ilhas costeiras, facilitando o comercio e ali reproduziram a sua cultura, criando a interação entre bantos e árabes e uma nova língua (swaili) aos habitantes da costa.

Os portugueses quando chegaram nessa região encontram palácios suntuosos, que os tomam e construíram fortalezas, e é nessa chegada que começa a disputa pelo comércio. Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são tomadas e é formada uma nova sociedade. Os bantos de Moçambique chegam ao Brasil no século XIX, capturados em guerras islâmicas.

África Centro Ocidental – Em 1470, a arte da África subsaariana chega aos europeus como curiosidade. No século XIX, os objetos foram adquiridos por curadores de museus europeus como exemplo de cultura material e foram catalogados e compartimentados para determinado uso.

A ideia de comunidade africana não se limita somente aos vivos, mas também aos mortos, os vegetais, os animais, ou seja, ao mundo visível e invisível. Os “fetiches” simbolizam partes dos mundos animal, vegetal e mineral, aludindo uma idéia de totalidade construída pelos africanos, baseada em seu conhecimento sobre as forças da Natureza.
Estatueta "buti", do tipo chamada de "fetiche", arte teke, Republica Democrática do Congo,acervo MAE-USP



O papel do artista variava de acordo com a região que ele vivia, apesar de haver certa unidade. Ele precisa ter domínios espirituais, para mexer e transformar as coisas da natureza como cortar uma árvore.

“O poder não se caracteriza apenas pela apropriação do espaço, a sujeição de pessoas ou grupo de pessoas, mas também pela manipulação de signos e símbolos uma apropriação desde que na tradição ocidental se denomina regalia” (Carlos M. H. Serrano).

A força dos objetos vai além de sua materialidade, também mostra ao grupo a importância de quem os usa. Os chefes por estar próximos dos deuses é quem vai garantir o equilíbrio da tribo.

Os povos africanos aprenderam cultura de fora e as resignificaram sem excluir ou mudar o sentido da sua. Os ferreiros das sociedades centro africanas são vistos, não apenas como trabalhadores manuais, a habilidade de transformar a natureza lhes garante um status diferenciado, de forma positiva. Eles tinham o poder de transformação, destruição e construção, eles lidavam com a terra, domínio da ancestralidade. A diferencia do ferreiro para o agricultor é que ele pode fazer o material bélico, para a guerra.

Os ferreiros nesta região, não viviam em castas e podiam circular pelos grupos e trocar técnicas e faziam o dinamismo entre os lugares e serviam também como informantes de outros lugares.

Texto elaborado a partir das aulas do curso do museu Afro Brasil - 2005 Prof. Núbia Esteves

Postado por Safira da África

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