sábado, 16 de junho de 2012

Confusão na "Primavera Árabe"




Há diversos interesses nos eventos históricos dos últimos meses no mundo árabe. Washington quer destruir um dos pilares do "eixo do mal" e, de quebra, o Irã, que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sonha em bombardear. Com a saída inglória do Iraque, acuados no Afeganistão (de onde sairão em breve), odiados não somente pelos talibãs, mas também por uma população exasperada pelos "abusos", os Estados Unidos se demonstram reticentes sobre uma nova aventura militar na Síria e colocam as fichas na queda do presidente Assad como uma forma de reconquistar poder na região. No caso das autoridades israelenses, a posição é expressa por Efraim Halevy, ex-diretor do Mossad e antigo conselheiro nacional de segurança, para quem a queda do regime de Damasco, ao enfraquecer Teerã de maneira decisiva, impediria o bombardeio do Irã. Mas qualquer opinião pública nesse sentido, e Tel-Aviv sabe, se voltaria obrigatoriamente contra a oposição síria. E certas vozes de Israel se inquietam pelas consequências que teria uma guerra civil na Síria, já que poderia acabar com a tranquilidade reinante na fronteira entre os dois países. 

A Rússia e a China, por sua vez, temem o aumento do poder dos islâmicos e do unilateralismo europeu e norte-americano. Por isso, até agora, vetaram todas as resoluções do Conselho de Segurança da ONU em relação à Síria, alegando preferência por uma solução negociada. 

Todas essas manobras se dão em um Oriente Próximo já profundamente desestabilizado após as guerras empreendidas pelos Estados Unidos (Afeganistão, Iraque) e Israel (Líbano, Palestina): Estados enfraquecidos; crescimento do papel das milícias (Iraque, Curdistão, Afeganistão, Líbano, Palestina), em geral armadas de poderosos meios convencionais, notadamente mísseis; tensões interétnicas que ameaçam minorias etc. É nesse contexto instável que eclodiram as revoltas árabes. Elas reivindicam a liberdade, a dignidade (karama), a democracia e a justiça social. Se por um lado destituíram presidentes na Tunísia e no Egito, os casos da Líbia e do Iêmen geram certa decepção da opinião ocidental, à qual acompanha esses acontecimentos através das simplificações enviesadas da mídia.


Veja um vídeo didático sobre a queda do ditador Khadafi na Líbia.


segunda-feira, 11 de junho de 2012

Os excluídos da globalização


“ À medida que a economia mundial se tornava global e, sobretudo após a queda da região soviética, mais puramente capitalista e dominada por empresas, investidores e empresários descobriram que grande parte dela não tinha interesse lucrativo para eles, a não ser, talvez, que pudessem subornar seus políticos e funcionário públicos para gastar dinheiro extraído de seus infelizes cidadãos com armamentos ou projetos de prestígio. Um número desproporcionalmente grande desses países se encontrava no infeliz continente africano.”

Eric HobsbawnEra dos Extremos, 1995, p. 355




Uma Nova Geopolítica Africana



Migração regional, fragmentação dos estados e recomposição geopolítica: a África não pára de se transformar sob os efeitos combinados da demografia, da urbanização em massa e das ambições econômicas, militares ou religiosas. Esses conflitos e movimentos redesenham as novas fronteiras do continente e à partir desses processos, três grandes espaços territoriais emergem: primeiro, os dois extremos do continente, a África do Norte e a África do Sul; segundo, as zonas de guerra do chifre de África, dos Grandes Lagos e do Congo e o terceiro se desenvolve no contexto da internacionalização do comércio

.(Le Monde Diplomatique, por Philippe Rekacewicz , maio de 2000)

REFUGIADOS DA ÁFRICA




Motins e guerras civis promoveram a expansão dos fluxos de refugiados: em 1999 eram mais de seis milhões em todo o continente, quase um terço da quantidade total registrada em todo o mundo (21, 5 milhões). 



Em 2011, a seca castigou a região leste do continente africano, conhecida como Chifre da rica, sobrecarregando campos de refugiados em países da região




.Le Monde Diplomatique por Philippe Rekacewicz , maio de 2000 e BBC Brasil, julho de 2011.

domingo, 10 de junho de 2012

PEQUENA ÁFRICA







No começo do século passado, uma ampla área da cidade do Rio de Janeiro, entre o cais do porto e os bairros da Saúde, Cidade Nova e Praça Onze, era conhjecida entre os cariocas como Pequena África. O ambiente repleto de candomblés, como o de João Alabá, de exímios capoeiristas e de baianas trajadas com panos-de-costa não deixaa dúvidas sobre a origem de seus moradores – era uma gente que trazia no sangue a herança de um continente do qual só sabiam estar do outro lado do oceano. Seus antepassados eram de lugares distantes como Benin ou Moçambique, mas o maior número de africanos havia sido trazido em navios negreiros para o Brasil do reino de Ndongo, onde hoje está parte de Angola e do Congo. Após a abolição da escravatura, o Rio de Janeiro tornou-se um destino preferencial para milhares de ex-escravos que buscavam trabalho na capital.

Os angolanos se auto-denominam muangolés. Cabelo feito, eles saem nas noites de sexta e sábado para dançar ritmos populares de seu país, como kizomba e kuduro, nas boates Nautilus e Luanda Night, ou semba, no Centro Cultural Ifétunji. Os jovens adeptos do movimento hip hop, por sua vez, lotam o velho casarão da Federação dos Blocos Afros do Rio de Janeiro (Febarj), bem em frente aos famosos Arcos da Lapa.

Freqüentadores assíduos da noite, os rappers Ala X, Kacucula e BigMani compõem músicas que lembram o passado trágico que deixaram em Luanda, capital de seu país. Ala X, que assumiu esse nome ao se converter ao islamismo, teve o pai morto na guerra angolana. Sem pensão do Estado, acabou, como outras milhares de crianças do país, tentando a sobrevivência nas ruas. Trabalhou, roubou, fez um pouco de tudo, até vir para o Brasil.

Na favela da Maré, o grupo Diamante Negro ensaia a peça A história do Rei Kipakassa, baseada numa parábola tradicional.O texto fala de um rei autoritário que, após a morte, é substituído pelo filho, uma pessoa que compreende melhor os desejos de seus súditos e garante um futuro melhor. É isso, no fundo, o que os imigrantes do Rio desejam para seu país: um novo tempo de paz para reconstruírem seus antigos sonhos. Até o dia de atravessar o Atlântico e voltar para casa.
http://viajeaqui.abril.com.br/materias/imigrantes-angola?pw=2 

sábado, 9 de junho de 2012

SUDÃO DO SUL


Sudão do Sul se torna o mais novo país do mundoNeste sábado (9 jul. 2011) o Sudão do Sul conquista sua independência e se torna o 193º país do mundo. O processo para a independência começou com a assinatura no Quênia do Acordo Amplo de Paz em 2005, que estipulava a realização de eleições gerais em abril de 2010 e o plebiscito em janeiro de 2011. A mais nova nação -- a primeira na África desde a secessão da Eritréia em relação à Etiópia em 1993 -- nasce com muitos problemas e indicadores sociais a reverter, mas celebra com festa a sua liberdade. Saiba mais sobre o novo país africano:


Nova nação


A independência do Sudão do Sul foi aprovada por mais de 98% dos sudaneses no referendo realizado em janeiro deste ano (2011). Será 54º país da África e o número 193 do mundo, com uma população estimada em 8,26 milhões de habitantes (2008).







Território e fronteiras


Com a mudança, o Sudão deixa de ser o maior país da África. A capital do novo país, que ocupa 640 mil quilômetros quadrados, passa a ser Juba.







Novo governo


O governo será liderado pelo presidente Salva Kiir Mayardit, do movimento popular de libertação do Sudão (SPLM, na sigla em inglês), e que chegou ao poder em agosto de 2005. Foi eleito após a morte em um acidente aéreo do ex-presidente John Garang, em julho de 2011.






Constituição


O país vai usar uma Constituição provisória, a mesma que seu vizinho do norte, enquanto uma equipe técnica elabora uma nova Carta Magna também temporária, que deverá ser aprovada pelo Parlamento.







Reconhecimento


Para que uma região declare independência, além do reconhecimento da comunidade internacional, é preciso delimitar um território e ter uma liderança política independente e com autoridade sobre a população.







Partidos político


As principais formações são o Movimento Popular de Libertação do Sudão, o Partido da Conferência Nacional, a Força de Defesa do Sudão do Sul, a Frente Democrática Unida, a União de Partidos Africanos do Sudão e o Fórum Democrático Unido do Sudão.







Indicadores


A população do Sul do Sudão é muito jovem. Mais de 50% são menores de 18 e 62% têm menos de 30 anos. Mais de 80% da população é rural e 50% vive abaixo da linha da pobreza. O consumo médio é de 100 libras sudanesas/mês (US$ 37). Para os pobres, US$ 14,6.






Desafios


Pobre apesar de rico em petróleo, o país nasce como uma das nações com os indicadores sociais e de saúde mais baixos. O desafio é conseguir que os políticos e as forças de segurança sejam mais responsáveis, construir escolas, estradas e hospitais.







Norte x Sul


A maior parte das reservas petrolíferas sudanesas fica no sul, mas a infraestrutura está no norte, o que obrigará a uma cooperação econômica entre os dois países, já que um conflito armado seria prejudicial para ambos os lados.







Embaixadas


A comunidade internacional ainda não confirmou quais embaixadas serão abertas no país, o que deve ocorrer no longo prazo. No Brasil, o Itamaraty disse que deve adotar o modelo de embaixada cumulativa, quando um país atende ao outro na mesma região.







Segurança


Para ajudar o novo país, a ONU autorizou o envio de 7.000 militares para o Sudão do Sul. O objetivo é "consolidar a paz e a segurança no país, e ajudar a estabelecer condições de desenvolvimento" para o país.






Religião


Os sudaneses do sul dividem-se entre cristãos católicos, protestantes, anglicanos e outras religiões animistas africanas. O número de muçulmanos vindos do norte tambem deve aumentar a força da religião no novo país.







Economia


Sudão do Sul e do Norte vão criar uma nova moeda, mas por enquanto ambos vão usar a libra sudanesa. O FMI calcula que o PIB subiu 5% em 2010. O petróleo representou 97,8% da receita em 2010, e a inflação estabilizou-se em 6% em 2009 e 2010.








Idioma


O árabe é a língua oficial, mas no Sudão do Sul também se fala inglês e uma dezena de línguas indígenas (não oficiais).


EUA e Hollywood


 Postado por Safira da África

Uma sugestão de sequencia didática


Conhecendo a África



9º ano


Objetivo: conhecer e entender a diversidade cultural africana;


Conhecer a região a partir da leitura de um objeto de arte – banco






1- Levantamento de hipótese – O que é ser africano?






2 - Sensibilização – o poema “Carta de um Contratado” (António Jacinto do Amaral Martins)






Carta de um Contratado


Eu queria escrever-te uma carta
amor
uma carta que dissesse
deste anseio
de te ver
deste receio de te perder
deste mais que bem querer que sinto
deste mal indefinido que me persegue
desta saudade a que vivo todo entregue...

Eu queria escrever-te uma cara
amor
uma carta de confidências íntimas
uma carta de lembranças de ti
de ti
dos teus lábios vermelhos como tacula
dos teus cabelos negros como dilôa
dos teus olhos doces como macongue
dos teus seios duros como maboque
do teu andar de onça
e dos teus carinhos
que maiores não encontrei por aí...

Eu queria escrever-te uma carta
amor
que recordasse nossos dias na capôpa
nossas noites perdidas no capim
que recordasse a sombra que nos caía dos jambos
o luar que se coava das palmeiras sem fim
que recordasse a loucura
da nossa paixão
e a amargura nossa separação...

Eu queria escrever-te uma carta
amor
que a não lesses sem suspirar
que a escondesses de papai Bombo
que a sonegasses a mamãe Kieza
que a relesses sem a frieza
do esquecimento
uma carta que em todo Kilombo
outra a ela não tivesse merecimento...

Eu queria escrever-te uma carta
amor
uma carta que te levasse o vento que passa
uma carta que os cajus e cafeeiros
que as hienas e palancas
que os jacarés e bagres
pudessem entender
para que se o vento a perdesse no caminho
os bichos e plantas
compadecidos de nosso pungente sofrer
de canto em canto
de lamento em lamento
de farfalhar em farfalhar
te levasse puras e quentes
as palavras ardentes
as palavras magoadas da minha carta
que eu queria escrever-te amor...

Eu queria escrever-te uma carta...
Mas ah meu amor, eu não sei compreender
por que é, por que é, por que é, meu bem
que tu não sabes ler
e eu - Oh! Desespero - não sei escrever também!


António Jacinto do Amaral Martins (1924-1991), poeta angolano, ganhou reconhecimento através de sua poesia de protesto. Devido à sua militância política anti -colonialista e de base marxista, foi exilado no Campo de Concentração de Tarrafal, em Cabo Verde, no período de 1960 a 1972. Voltou para Angola em 1973, e se juntou ao MPLA [Movimento Popular de Libertação da Angola]. Com a independência do país frente à colonização portuguesa em 1975, foi nomeado Ministro da Educação e Cultura, cargo que ocupou até o ano de 1978.


posted by Pimenta Negra @ 7.4.09


3 - Pesquisar as diferentes regiões africanas



Trabalho com fotos: localizar no mapa da África as diferentes regiões das imagens abaixo.



O Monte Kilimanjaro, na Tanzânia (África).








As savanas africanas, possuem uma vegetação aonde as arvores e arbustos são isolados, ou em pequenos grupos.






As florestas equatoriais apresentam uma rica variedade biológica, e possuem a característica de alimentarem a si mesmas.






As estepes ocorrem nas regiões entre as savanas, de um lado e os desertos de outro. São arbustos retorcidos, espinhentos ou com folhas pequenas que servem para evitar a perda de água.




Deserto do Saara – A árvore característica do Saara é a tamareira, que forma densos palmeiras nos oásis




A Montanha da Mesa e as praias da Cidade do Cabo são algumas das paisagens naturais que podem ser vistas sob outra perspectiva durante os vôos de helicóptero sobre esse destino litorâneo sul-africano. Eduardo Vessoni/UOL





República de Angola.



República Popular Democrática da Argélia.





República da Costa do Marfim.






República Árabe do Egipto.





Quênia
4 - Fazer a leitura do Banco Luba.



IMPÉRIO LUBA


O Reino de Luba foi fundado em 1420 na região do Congo




Império Luba e os Reinos de Lunda e Kazembe




Para os Luba e para a maioria dos povos da África Central, uma pessoa pertence à família de sua mãe. Um homem torna-se chefe por ter herdado este cargo de seu tio, irmão de sua mãe. Por isso as mulheres são tão importantes, especialmente as que já morreram, tornando-se ancestrais. São elas que sustentam, de lá do outro mundo, o poder aqui na terra. É o apoio delas que faz com que todos reconheçam alguém como legítimo chefe. A prosperidade e a fertilidade do reino são o maior sinal de que as ancestrais o apóiam. Por isso se vê no banco esta ancestral, segurando com suas grandes mãos o banco do chefe, o joelho flexionado traz a reverencia e a ideia de dinamismo.





Banco Luba



Para se analisar um objeto é preciso saber do que é feito e para que serve.


a). Que tipo de objeto é este? Para que você imagina que ele era usado? Quem o usava?


b). Descreva a pessoa representada nesta peça (idade, sexo, atitude). Repare também nos detalhes do corpo e cabelo.


c). Qual é a função desta pessoa no objeto? O que ela está “fazendo”? Qual parte do seu corpo mostra isso mais claramente?




Esta peça é um banco. No entanto, ele não é um objeto utilitário, ou seja, feito para ser usado para alguém se sentar, mas sim um bem de prestígio, um objeto que mostra o status (posição social) e poder de quem o possui. Quando pertencem a reis e chefes, estes objetos também são chamados de regalias.


d). Você acha que na nossa sociedade certos objetos também mostram o poder econômico e o status de uma pessoa? Quais?


e). Você se lembra de objetos que simbolizam o poder dos reis?






5 - Fazer a releitura do banco – confeccionando-o com argila, papelão, sabão em barra, papel marche, e outros materiais em geral.


6 - Avaliação – Fazer um novo texto sobre o que é ser africano confrontá-lo com o primeiro texto e verificar se houve mudança de comportamento. Depois fazer uma exposição dos trabalhos.




Referencias

http://antoniocalegaro.pbworks.com

http://pimentanegra.blogspot.com.br/2009/04/carta-de-um-contratado-poema-do.html

http://civilizacoesafricanas.blogspot.com.br/2010/01/imperio-luba.html

http://www.mafro.ceao.ufba.br/userfiles/files/Material%20do%20Estudante_africa.pdf




Sugestão de filmes sobre a África



Estão aqui listados alguns filmes disponíveis em circuito comercial, que podem enriquecer nossa visão sobre o continente africano. Nos resumos que acompanham os títulos, estão destacados os aspectos que justificam a inclusão desta lista no blog do continente africano.

 

ENTRE DOIS AMORES, (Out of Africa), Dir.Sydney Pollack, EUA, 1985) Este filme é baseado no romance A fazenda africana, da escritora dinamarquesa Isak Dinesen, pseudônimo da baronesa Karen Blixen. A história gira em torno dos encontros e desencontros de uma dinamarquesa que resolve se tornar proprietária de uma fazenda de café no Quênia. A trama principal trata do fim de um casamento por conveniência e do encontro do grande amor de sua vida na figura de um caçador inglês. Este pertence à geração do entre-guerra, que se auto exila na África a fim de evitar uma sociedade na qual não se sente a vontade. Paralelamente a esta trama, o filme permite resgatar vários aspectos da historia e sociedade colonial. A vida dos colonos permite vislumbrar como se preocupavam em reproduzir na África a sociedade inglesa: as resistências, as festas, a etiqueta,o clube, a culinária, etc. os colonizados não estão caricaturados, o que possibilita inferir o tratamento que recebiam, bem como na sua dignidade e despeito da dominação.o envolvimento e relacionamento dos europeus como os nativos permitem inferir o duro cotidiano da sociedade colonial.

UM GRITO DE LIBERDADE, (Cry freedom, Inglaterra, 1987, Dir. Richard Attenborough). O filme trata do envolvimento de um jornalista branco e liberal, Donald Woods, com a ativista negro Stephen Biko na África do Sul durante a vigência do apartheid. Ao longo do filme o editor vai se transformando de um bem acomodado jornalista em um critica do sistema, à medida que se aproxima de Biko e percebe o significado do apartheid para os segregados. Sua descrença no regime corre paralela à sua aproximação dos negros e do nascimento da amizade com o líder negro, ao mesmo tempo em que é fortalecida por ambas. O jornalista bem comportado passa a ver a África do Sul, na medida em que estreita os laços com a comunidade negra, o cotidiano sul-africano na perspectiva dos negros. Este envolvimento é acompanhado pela mudança de seu status perante o regime, que passa vê-lo como ameaça. Assim, ele se torna alvo de repressão e ação arbitrária da polícia. Seu envolvimento torna-se tamanho que ele é obrigado deixar clandestinamente a África do Sul, para evitar a prisão.


COZINHA DE TOTÓ, (Toto’s kitchen, Inglaterra, 1987). O filme tem como pretexto o drama do menino africano (Totó) que se torna ajudante de cozinha na casa do delegado da polícia no Quênia, na década de 1950, após seu pai ter sido assassinado por ativistas Mau-Mau. O assassinato do pastor protestante, se pai, teve como motivo sua negativa em usar o púlpito para elogiar o movimento de contestação colonial. A situação colonial, a crise pela qual passa a administração inglesa, o movimento dos revoltos, suas estratégias e recursos, o preconceito dos colonos em relação aos nativos, etc, é enfocado através do acompanhamento da vida do menino. No caos que a colonização instaura Totó, como seu pai, acaba sendo assassinado por africanos. O pai foi vitima dos revoltos quicuios e Totó de policiais massais. Neste sentido, o filme permite pensar que na pluralidade de vitimas da luta pela independência. Outros aspectos interessantes é a sugestão de que a distinção entre o africano e o não-africano tornam-se fluídas após quase um século de ocupação européia.


E A LUZ SE FEZ, (Et la lumière fut, Dir. Otar Iosseliani, França, 1989). A aldeia, os espaços ocupados pro aqueles que viveram as situações tratadas, mais do que um cenário, talvez seja o verdadeiro protagonista deste filme. Esta aldeia é por analogia uma alusão ao próprio continente africano. No decorrer da narrativa ela passa por uma imensa transformação, de uma aldeia tradicional, com residências, pessoas e vegetação abundantes em quase nada pontuado de vestígio do que antes tinha sido residências e uma floresta. Varias tramas se sobrepõem a da aldeia que vai sendo consumida pelo desmatamento, a dos deuses que vão sendo transformados em artesanato, e dos aldeões que migram para a cidade. Assim, temos o choque e sobreposição de dois universos: o da aldeia, da magia, dos deuses, da ausência do tempo, do rural, da comunidade, da tradição e o da cidade, do urbano, do impessoal, do moderno, das máquinas, do progresso. Neste embate, último prevalece seja por destruir o espaço da aldeia ou por forçar seus moradores a abandoná-la. Talvez o episódio mais interessante seja a do marido que sai da aldeia em busca de sua mulher desaparecida, percorrendo várias regiões da África. Em cada um ele é obrigado a portar uma indumentária como sinal de civilização, seja um boné, um paletó, ou um documento. Nesta sua peregrinação ele encontra vários grupos/organizações que ostentam símbolos de civilidade identidades e linguagens distintas, mas todos pretende ser e representar um pouco da África.



NAS MONTANHAS DOS GORILAS, (Gorillas in the Mist, Dir. Michael Apted, EUA, 1988).o filme conta a história da obstinada inglesa Dian Fossey que se transfere para uma fechada floresta em Ruanda, na África com o objetivo de pesquisar a vida dos gorilas. Vencida as dificuldade iniciais ela obtém sucesso no contato com os primatas, ao ousar uma abordagem inovadora resultante de sua formação como enfermeira. A partir deste momento ela torna-se uma incansável defensora da preservação dos gorilas, o que a leva ao confronto direto com os caçadores , como acontece com muitos zoológicos preservacionistas na África. O conflito de interesses entre eles revela diferentes visões acerca dos gorilas. Para a pesquisadora estes seres vivos que devem ter suas vidas preservadas, enquanto que para os caçadores são mercadorias e fonte de renda. O crescente atrito e as dificuldades que Fossey representa para os caçadores culminam com seu assassinato.


O valor deste filme para a compreensão histórica e social da África se situa em três temas abordados. O primeiro é a atuação dos caçadores que atuam com contrabandistas da riqueza natural da África. Esta atividade predatória, mesmo sendo exercida por africanos, é prejudicial ao continente na medida em destrói seu patrimônio natural. O segundo é o próprio conflito de interesse e posturas dos africanos em relação ao tema. A autoridade que tentam reprimir o contrabando também é constituída de africanos. Portanto, o embate retratado não se dá somente entre uma preservacionista européia? E os nativos predadores. Já o terceiro é a insatisfação de guerrilheiros com a presença da polícia na região, o que transforma a questão dos gorilas e/ou o conflito da pesquisadora com os guerrilheiros em uma problemática mais ampla. Por fim, o filme permite também pensar qual o lugar da África que transparece no filme e/ou que deve ocupar na questão da preservação ambiental. Os gorilas que nos perdoem, mas se, por um lado, eles são absolutamente defensáveis, por outro, é impossível não pensar num novo “imperialismo” ecológico. Neste caso, o continente incapaz e de incapazes necessitaria sempre da tutela de um novo imperialismo, seja humanitário ou ecológico, para não voltar a barbárie destruindo seus habitantes e sua natureza. Ou será que os africanos podem agir como sujeitos nesta questão, desenvolvendo programas e políticas próprias de preservação, com base nas prioridades, valores e valores locais.





OS DEUSES DEVEM ESTAR LOUCOS. (EUA, 1980)comédia de muito sucesso que conta as dificuldades de um bosquímano na sua odisséia para devolver uma garrafa de coca-cola aos deuses. A garrafa, jogada de avião, foi saudada pelos nativos como um presente dos deuses. Passado algum tempo esta se torna motivo de discórdia e briga entre os membros da comunidade. Então o Ulisses bosquímano deixa o Callari com o objetivo de encerrar os problemas da aldeia, devolvendo a garrafa. Nesta sua empreitada, ele atravessa o interior da África do Sul, se envolvendo em diferentes situações com um pesquisador desastrado, uma professora, guias turísticos, guerrilheiros, e autoridades policiais. Ao término do filme ele consegue lançar a garrafa aos deuses e retorna como herói ao seu povo.


Está comédia além de ser muito divertida, permite recuperar uma gama de informações para pensar o continente. A caracterização dos bosquímanos, quem são, onde e como vivem, suas estratégias de sobrevivência no deserto, sua técnica de caça, é a primeira delas. A segunda diz respeito à diversidade social e espacial da África do Sul, de vai dos bosquímanos habitantes do deserto até a grande metrópole, passando pela aldeia e pela pequena cidade.


MANDELA E DE KLERK. (1997) Este filme narra os acontecimentos e articulações que levaram ao fim do apartheid na África do Sul. Estas são constituídas de três movimentos paralelos. De um lado temos De Klerk consolidando internamente ao governo e ao partido a estratégia de negociação junto ao CNA para superar o impasse pelo qual passa o país. De outro, temos Mandela negociando junto as lideranças do CNA a abertura de conversações com o governo, em função dos sinais enviados por estes. E, por último, temos as negociações, nem sempre tranqüilas, entre dois líderes para o fim do regime de segregação. As tensões, impasses, dificuldades e riscos enfrentados pelos dois protagonistas são mostrados de tal forma, que mesmo sabendo o desfecho da história, não deixamos de sentir apreensão.


Como recurso didático, este filma tem dois méritos. Primeiro, permite caracterizar o regime apartheid e a luta do CNA. Segundo, reforça a ideia da história como processo dependente das ações e opções dos sujeitos, e não como resultantes de forças e conceitos abstratoos.



O PODER DE UM JOVEM. (The Powerof one. Dir. Jonh G. Avildsem, EUA, 1992) "O filme se passa na África do Sul e conta a história de P.K. um garoto inglês nascido em solo africano em 1930. Cresceu com sua mãe, pois seu pai morreu um tempo antes dele nascer? A mãe lhe ensinou música e inglês, enquanto sua babá lhe ensinou zulu e a cultura local. Aos sete anos é mandado para um internato porque sua mãe estava doente, só que este internato era de africânderes. Aí é onde se observa a base de conflito do filme, ingleses, africânderes (?africanos brancos? descendentes dos holandeses) e povo nativo. Por ser um garoto inglês, desprezado e sem amigos, sofre bastante, principalmente quando sua mãe morre e sua babá volta para a terra de origem, deixando-o sozinho. A partir de então, criado com a ajuda de um alemão, amigo do seu avô, que vai preso no período da II Guerra, P.K. passou a ir diariamente a prisão e além de ajudar a unir as tribos africanas, se torna um exímio lutador de boxe. E num campeonato, conhece Maria Marais, moça pela qual se apaixona, mas havia um problema, ela era filha de uma das principais famílias tradicionais do novo governo conservador africânder que havia se instalado. Governo esse que tomou como lei uma medida instaurada pelos ingleses, o apartheid. Está gerado, assim, este belo drama, do mesmo diretor de Rocky, Um Lutador."


Tradutores: famulan, geena, apalma e postmaster.



Comentário dos filmes de LOPES, Ana Mônica e ARNAUT, Luiz no livro História da África uma introdução.Belo Horizonte, Crisálida,2005.

Postado por Safira da África










ÁFRICAS





Não há uma unidade cultural na África, o que existia era certa diversidade, grandes valores que são comuns ao grande continente.  Os africanos desenvolviam práticas agrícolas como irrigação e rotação de cultura e sabiam também misturar tipos de cultura num mesmo terreno e trouxe isso para o Brasil.  A África já conhecia a metalurgia do ferro (600 a.C) usavam o pré-aquecimento dos fornos (pequenos), sabiam procurar ouro tanto nas minas como nos rios, além de saber trabalhá-los, isso também foi trazido para o Brasil. Até o final do século XVII os Akan da República de Gana compravam escravos dos portugueses e pagavam com ouro. No começo do século XVIII invertem, os portugueses passam a comprar escravos da República de Gana, pagavam com ouro e os traziam para América. Tinham a tradição de tecelagem com o tear vertical (masculino) e o horizontal (feminino). Na África Ocidental quase todas as casas tinha tear. Na Guiné Bissau, eram famosos os tecidos para exportação, belos tecidos feitos com a seda tecida por uma determinada aranha. São numerosas as religiões africanas, mas o culto dos orixás só existe na Nigéria e Benin. Cada povo tem sua religião e seus deuses, em certas áreas tem divindades que só pertencem a esse local e ás vezes até as famílias. O que é comum nas religiões é o Ser Supremo, que o homem não tem acesso. 
Na África convivem diferentes organizações políticas. Existem micros estados fortemente hierarquizados socialmente, sendo revezados entre famílias. Não existia a mobilização social.
A África é múltipla e poligâmica o homem pode ter muitas mulheres, porém elas não são subordinadas a eles, não são sustentadas pelos homens, elas tem suas próprias casas e são visitadas pelo marido, que são hospedes apesar da casa ter sido dada por eles. O homem precisava ser rico e quem escolhia as outras mulheres para o marido era a mulher mais velha. Casamento pressupõe o pagamento da noiva, isso era uma forma de valorizar a mulher (Cultura Ioruba). Quem trabalha é a mulher, o comércio era coisa de mulher, elas costumavam ser mais ricas que o marido. Controlavam o varejo e o atacado. A condição social da mulher na África, na chegada dos europeus, era superior da mulher européia. A criança quando nasce a mãe se dedica totalmente a ela por dois ou três anos e todas as outras esposas também são mães da criança. 
O velho é venerado e reverenciado, não se fala com o velho na mesma altura do olhar. É considerado perigoso, pois está mais perto da morte, ou seja, de se tornar divindade. 
As casas da Europa quando chega à África no século XVI, eram de taipa de pilão enquanto que as casas africanas já eram feitas de pedras.
O poder militar africano era pequeno porque os canhões eram fixos. A supremacia militar só vai acontecer no século XIX com rifles de repetição, espingardas de ferrolho e depois a metralhadora. Os europeus entram na África violentamente e desarticulou suas estruturas. Houve uma segunda colonização na África pela sua própria gente, os jovens que saem para estudar fora e traz uma cultura ocidental. São essas mesmas pessoas ocidentalizadas que entram no comando. 
O europeu tinha o domínio tecnológico e não o bélico. Quando chegava a certos lugares na África para comercializar, os reis lhes ofereciam escravos. Vendia-os para obter bens de prestígio para ter mais amigos, por exemplo. O comércio escravo não era uma perversidade, mas uma condição política e econômica. Era vendido o inimigo, o adversário para se livrar dele. Os africanos não eram comprados por pouca coisa, mas por coisas de muito valor, conchas das Maldivas, tecidos de algodão da Índia, cutelaria e armas da Alemanha, cobre por ouro, eles não tinham cobre e por isso valia muito. 
Aqui no Brasil, a cana-de-açúcar era produto asiático e o trabalho era africano. A indústria (engenho) era acoplada a área agrícola. 
A estrutura da casa grande brasileira foi propagada pela África. A arquitetura das casas era européia, mas a estrutura das famílias era africana. 
No primeiro momento todos os protetorados que entrasse na África tinham que pagar impostos aos reis africanos. No século XIX, por causa da superioridade tecnológica européia as coisas mudam. 
No congresso de Berlim (1884/1885) discute-se a África e decide-se que lá era “lugar de ninguém”, tinha formas políticas arcaicas e por esse motivo a Europa tinha a missão de civilizá-la para chegar num desenvolvimento europeu. A partir daí, se começa a fazer os mapas dividindo-a. Uma partilha irracional, dividindo povos pela metade, colocando povos inimigos num mesmo espaço. Até hoje não se consegue harmonizar esses povos. 
Quanto à escravidão, na África já existia uma escravidão, porém doméstica. A escravidão nunca foi e nunca será benéfica, pois ela se baseia na violência e é um comércio. O que diferencia a escravidão da África e outros lugares, é que ela é racista. Na Grécia, Calcaso, Reino Unido, Bretanha qualquer um podia ser escravo, bastava ser inimigo e capturado. 
Na América a partir do século XVII, negro e escravo passou a ser sinônimo, tanto aqui no Brasil como na África, ser descendente de escravo é algo pejorativo, porém na África é só a pessoa mudar de lugar que sua condição de descendente de escravo desaparece, aqui no Brasil a cor da pele condena onde quer que esteja.

Texto adaptado por Núbia Esteves a partir da aula inaugural do embaixador Alberto da Costa e Silva - curso do museu Afro Brasil,14/05/2005. 
Postado por Safira da África

DIVERSIDADES


Diversidades regionais da África





Noz de cola

Na África Ocidental os povos próximos da floresta, eram sociedades menos hierarquizadas. Região dos iorubas. Chegou nessa região (Costa do Marfim) para comercializar a noz de cola (saciava a sede no deserto), fruta muita cobiçada pelos povos nômades. Os comerciantes, como os portugueses, iam até a floresta comprar noz de cola, inimigos de guerra e presa de marfim.

A partir do século XV, os portugueses começaram negociar diretamente com o “povo do ouro” sem intermédio dos povos do Saara. Além de se monetarizar, Portugal se coloca como difusor da fé cristã, por esse motivo, que investiram muito em embarcações para chegar ao ouro e as comunidades pagãs.



                        Fortaleza de São Jorge da Mina e Castelo no monte de S. Tiago (1750).

No golfo do Benin abaixo do rio Niger, os Portugueses construíram o castelo São Jorge da Mina (1487), fortaleza para entreposto do comercio. Em torno dos fortes começa a europeização dos africanos e africanização dos europeus com os casamentos. Os chefes deixaram os portugueses construírem seus fortes, mediante pagamento. A relação da sociedade africana com o externo foi se solidificando a partir do século XV, no Atlântico. Começa aí, uma dinâmica caravela versos caravana e os povos africanos da costa, negocia com as duas opções e disputam ouro e escravos.

No século XVII o forte de São Jorge da Mina é ocupado pelos holandeses (1637), e os escravos que saem dessa região para o Brasil são chamados de povos da mina e aqui no Brasil, mina se torna uma variação genérica de vários povos.

Hoje, mesmo com a colonização, o Benin tem uma identidade própria e uma unidade política conciliando entre o tradicional e o moderno.








África Central e do Sul –os povos bantos eram detentores da metalurgia e agricultura. As fontes escritas de conhecimento dessas regiões africanas são relatadas por portugueses, antes disso, era conhecido através da arqueologia e relatos orais, eram sociedades que não conheciam a escrita.

A história do lugar era abstraída através da memória, relatado oralmente por mestres que era passível de mudanças toda vez que era contada. A escrita é mais fiel.

Os portugueses chegam à foz do rio Congo (1491), e passa a ter uma relação comercial.

A família e a religião têm grande importância para esses povos. O que chamamos de religião para esses povos é um componente de vida, um relacionamento entre vida e morte. Os cultos são feitos para continuarem existindo e o rei era também o chefe religioso que faz a intermediação entre os dois mundos. O chefe de uma linhagem mais importante tem mais poder sobre os chefes menores que tinha autonomia de administração local, porém pagava um tributo ao grande chefe, com ouro. Permitindo, a criação de uma elite de chefes, guerreiros até nas cidades.

Os casamentos eram importantes, pois confirmam alianças com os outros grupos, o chefe se articula com os outros chefes de outras linhagens e com suas várias mulheres.

Na região do Congo, seus produtos era o sal, que vinham da costa, os tubérculos, da floresta, tecidos e conchas. As cargas desses produtos eram feitos por homens (escravidão domestica) um extrato inferior, porém pessoas mais ou menos comuns que fizeram o trabalho pesado.

Mbanza Kongo, cidade muito importante que está nessa rota de comercio, é o único reino que no século XVI a se converter ao catolicismo. Eram batizados e recebiam um nome português, essa incorporação fortalecia o rei.

Os portugueses são os pioneiros em se instalar no interior da África e se africanizar.

Primeiro foram os portugueses que empreendem guerras contra os africanos, depois são os próprios africanos que fazem guerra aos povos bantos para vendê-los. Esses povos chegam ao Brasil a partir do século XVI até o século XIX, daí vem a nossa maior influencia banto, como a língua.

O termo banto refere-se ao grupo lingüístico e não tem conotação etnológica.



Ilha de Moçambique 1616 por Bertino





África oriental e Insular Atlântica – os países dessa região têm contato com o mundo exterior desde o século IV, com a Pérsia e Índia. Tinham embarcações muito precárias e era a circulação dos ventos (monções) que os levavam e traziam.





Os chineses usavam as rotas indianas para buscar mercadorias de luxo com marfim, âmbar, casco de tartaruga, conchas, contas, resinas e também ouro no interior de Zambezia, e esses povos levavam para a África tecidos e porcelana.

Os árabes implantaram cidades nas ilhas costeiras, facilitando o comercio e ali reproduziram a sua cultura, criando a interação entre bantos e árabes e uma nova língua (swaili) aos habitantes da costa.

Os portugueses quando chegaram nessa região encontram palácios suntuosos, que os tomam e construíram fortalezas, e é nessa chegada que começa a disputa pelo comércio. Cabo Verde e São Tomé e Príncipe são tomadas e é formada uma nova sociedade. Os bantos de Moçambique chegam ao Brasil no século XIX, capturados em guerras islâmicas.

África Centro Ocidental – Em 1470, a arte da África subsaariana chega aos europeus como curiosidade. No século XIX, os objetos foram adquiridos por curadores de museus europeus como exemplo de cultura material e foram catalogados e compartimentados para determinado uso.

A ideia de comunidade africana não se limita somente aos vivos, mas também aos mortos, os vegetais, os animais, ou seja, ao mundo visível e invisível. Os “fetiches” simbolizam partes dos mundos animal, vegetal e mineral, aludindo uma idéia de totalidade construída pelos africanos, baseada em seu conhecimento sobre as forças da Natureza.
Estatueta "buti", do tipo chamada de "fetiche", arte teke, Republica Democrática do Congo,acervo MAE-USP



O papel do artista variava de acordo com a região que ele vivia, apesar de haver certa unidade. Ele precisa ter domínios espirituais, para mexer e transformar as coisas da natureza como cortar uma árvore.

“O poder não se caracteriza apenas pela apropriação do espaço, a sujeição de pessoas ou grupo de pessoas, mas também pela manipulação de signos e símbolos uma apropriação desde que na tradição ocidental se denomina regalia” (Carlos M. H. Serrano).

A força dos objetos vai além de sua materialidade, também mostra ao grupo a importância de quem os usa. Os chefes por estar próximos dos deuses é quem vai garantir o equilíbrio da tribo.

Os povos africanos aprenderam cultura de fora e as resignificaram sem excluir ou mudar o sentido da sua. Os ferreiros das sociedades centro africanas são vistos, não apenas como trabalhadores manuais, a habilidade de transformar a natureza lhes garante um status diferenciado, de forma positiva. Eles tinham o poder de transformação, destruição e construção, eles lidavam com a terra, domínio da ancestralidade. A diferencia do ferreiro para o agricultor é que ele pode fazer o material bélico, para a guerra.

Os ferreiros nesta região, não viviam em castas e podiam circular pelos grupos e trocar técnicas e faziam o dinamismo entre os lugares e serviam também como informantes de outros lugares.

Texto elaborado a partir das aulas do curso do museu Afro Brasil - 2005 Prof. Núbia Esteves

Postado por Safira da África

CRONOLOGIA



Cronologia das Independências Africanas


O quadro a seguir traz um resumo dos processos de independência dos países africanos
Obs. Antes de 1945 eram independentes os seguintes Estados africanos Etiópia (sempre); Libéria (desde 26/7/1847); Egito (desde 28/2/1922); África do Sul (desde 1931-34).

Ano
Data
País africano
País dominador
Principal partido
Chefe de partido
Fatos ligados ao evento
1951
24 dez
Líbia
Itália
-
Rei Idris
1969 – Golpe militar (Ghadafi)
1956
1 jan
Sudão
Inglaterra
Partido da União Nacional (NUP)

1958 Golpe Militar (Abbud);1964 Governo civil; pluripartidário; 1969 Golpe militar (Numeiri); 1972 compromisso na Guerra civil

2 mar
Marrocos
França/Espanha

Rei MaoméV
1961 Rei Hassan II

20 mar
Tunísia
França
Neo-Dastur


1957
6 mar
Ghana
Inglaterra
Conventions Poople’s Party
K Nkrumah
1964 República de partido único; 1966 Golpe militar; (Ankrah); 1969 Democracia pluripartidária (Busia); 1972 Golpe militar (Acheampgong); 1979 Democracia pluripartidária (Limann)
1958
2 out.
Guiné
França
Rassemblement Dem. Afr. (PGD/RDA)
S. Tomé

1960
1 jan.
Camarões

Union Nat. Cam. (UNC)
A. Ahidjo
1961 União com Camarões Britânico

27 abr
Togo
França
Comitê d’Unité Tog. (CUT)
S. Olympio
1963 Levante militar; 1967 Golpe militar (Eyadema)

20 jun
Senegal
França

L. S. Senghor
1960 Dissolução da Federação Malí; 1976 Demacracia pluripartidária


Mali
França

M. Keita
1968 Golpe militar (Traoré)
1960
30 jun
Zaire
Bélgica





P. Lumumba
!960 Secessão de Katanga, operação. ONU (até 1964); 1964 Guerra civil; 1965 Governo militar (Mobutu)

1 jul
Madagascar
França
Part. Social-Democr. (PSD)
Ph. Tsiranana
1972 Golpe militar (Ramantsoa); 1975 Golpe militar (Ratsiraka)


Somália
Itália/Inglaterra
Somali Youth League(SYL)
A. A. Shermarke
1969 Golpe militar (Barre); 1991 Barre foge do país após derrota; Início de vários confrontos entre os vinte clãs que compõem a população; 2001 os EUA acusam a Somália de apoiar o terrorismo e manter laços com Ozama Bin Ladem.

1 ago
Benin
França

H. Maga
1963 Golpe militar (Soglo); 1972 Golpe militar (Kérekou); 1989 Pluripartidarismo

3 ago
Niger

Rassemblement Dem. Afr. (PPN/RDA)
Hamani Diori
1974 Golpe militar (Kountche); 1990 tuarengues entram em conflito com o exército; 1995-7 assinado o acordo de paz; 1999 Assassinato do presidente, nova Constituição e eleição de Tanjda Mamadou.

5 ago
Alto Volga


M. Yaméogo
1966 Golpe militar (Lamizana); 1970 Democracia pluripartidária; 1984 adota o nome de Burkina Fasso; 1987 Golpe de estado liderado pelo capitão Blaise Compaoré; 1991 adoção da nova Constituição.

7 ago
Costa do Marfim

Rassemblement Dem. Afr. (PDCI/RDA)
F. Houphguet-Boiny
1993 o presidente da Assembléia assume o governo, 1999 primeiro golpe militar na Costa do marfim que foi promovida pelo general Robert Gueï.

11 ago
Chad


F. Tombalbe
1967 Guerra civil (FRONILAT); 1975 Golpe militar (Malloun); 1979 Governo de coalizaão (Queddai); 1980-85 guerra civil, em 1994 o Tribunal internacional restitui o país a faixa de Aozou, ocupada pela Líbia em 1973; 1998 inicia-se uma guerrilha liderada pela Farf.

13 ago
Rep. Centro Africana

Mouvém. d’Emancip. Sociale (MESAN)
D. Dacko
1966 Golpe militar (Bokasa); 1977 Império; 1979 Intervenção francesa (Dacko) 1990 guerra civil leva Kabila ao Governo; 2001 Kabila é assassinado e seu filho Joseph Kabila se torna presidente.

15 ago
Congo


F. Youlou
1993 Revolução (Massemba-Débat); 1968 Golpe militar (Ngouabi); 1997 Sassou-Nguesso promove o golpe de estado com a ajuda de Angola; 1999 Acordo de Paz.

17 ago
Gabão


L. Mba
1967 Sucessão O. Bongo; 1990 Pluripartidarismo; 1997 Isolamento por infecção de Ebola de várias regiões.

1 out
Nigéria
Inglaterra

Abubakar Taf Balewa
1966 Golpe militar (Ironsi, Gown); 1967 guerra civil de Biafra (até 1970); 1975 Golpe militar (Murtala); 1979 Democracia pluripartidária (Shagari); 1993 Golpe efetivado por Buhari que é deposto dois anos depois; 1991 transferencia da capital de Lagos para Abuja; 1993 eleição de Ernest Shonekan. 1990 a adição da lei Islâmica nos estados do norte aumentou os conflitos.

20 nov.
Mauritânia
França
Hisb Chaad (PPM)
Mokhiar Ould Daddah
1978 Golpe militar; 1984 Maawya Oulld reprime protesto contra a supremacia árabe; 1989 conflito entre moradores na fronteira com o Senegal; 1991 pluripartidarismo.
1961
27 abr
Serra Leoa
Inglaterra
S. L. People’s Party (SLPP)
M. A. S. Margai
1967 Golpe militar; 1968 governo civil (Stevens); 1978 República de partido único; 1990 Início da guerra civil ao norte; 1996 Eleição de Ahmed Tejan Kabbah;1997 Golpe liderado por J. P. Korona; 1998 Kobbah reassume o governo

3 dez
Tanzânia

Tanganyka African nat. Union (TANU)
J. K. Nyerere
1964 União com zanzibar; 1965 república de partido único; 1995 eleição de Benjami Mkapa (Partido Revolucionário da Tanzânia)
1962
1 jul
Argélia
França
Front de Libération Nationale (FNL)
A. Ben Bella
1965 Golpe militar (Bumedian); 1979 Sucessão Chadli; 1989 pluripartidarismo; 1991 Vitória da Frente Islâmica de Salvação, 2001 medidas de inclusão da minoria berbere.


Burundi
Bélgica
Unité et Progrès...(UPRONA)
Rei Mwambuisa IV
1966 Golpe (Micombero); 1972 Golpe civil; 1976 Golpe(Bagaza); 1993 o assassinato do presidente hutu Cyprien Ntaryamira inicia-se a guerra civil entre tutsis e hutus.


Ruanda

Parti de I’Emancip. Dês Hutu (PARMEHUTU)
S. Kaybanda
1973 Golpe militar (Habyalimana); 1990 exilados tutsi retornam ao país e exigem participação no governo. 1994 Atentado que mata o presidente de Ruanda e do Burndi, ambos hutus. Genocídio da minoria tutsi. 1999 Guerra com Uganda pela posse de minas de diamantes em Kisangani.

9 out
Uganda
Inglaterra
Uganda People’s Congress (UPC)
M. Obote
1971 Golpa military (Idi Amin Dada); 1979 Intervenção na Tanzânia; 1980 Retorno de Obote a presidência. 2000 Ebola infecta população.
1963
10 dez
Zanzibar


Sultão Abdullah
1964 Revolução Revolução (Karume) e união com tanganica; 1972 Assassinato de Karume.

12 dez
Kenia

Kenia African Nat. Congress Party
J. Kenyatta
1978 Sucessão D. Arap. Moi; 1993 Suspensão do parlamento. 2001 Moi cria governo com participação de membros do partido de oposição.
1964
6 jul
Malawi

Malawi Congress Party
H. K. Banda
1993 Adoção do Pluripartidarismo

24 out
Zâmbia

United Nat. Indep. Pt.. (UNIP)
K. Kuanda
1999 governo de Angola acusa Benjamin Mwila de traficar armas para guerrilheiros da Unita.
1965
18 fev
Gâmbia

People’s congress Party
D. K. Jawara
1885 Unificação com o Senegal (Senegânbia) e dissove-se em 1989.
1966
30 set
Botswana

Botswana Dem. Party (BDP)
S. Khana


4 out
Leshoto

Basutoland National Party (BNP)
L. Jonathan
1970 Golpe do Primeiro Ministro. 1986 Através de golpe de Justin Lekhanya assume o governo. Deposto em 1991.
1968
12 mar
Mauricio

Labour Party
S. Rangoolam
1999 Governo mauriciano perde soberania sobre as ilhas de Oceano Indico sob jurisdição britânica

6 set
Swazilândia


Sobhuza II
1973 Suspensão da Constituição
1973
10 dez
Guiné Equatorial
Espanha
Imbokodvo National Movement
F. Macías Nguema
1969 Ditadura pessoal; 1979 Golpe militar.
1975
24 set
Guiné Bissau
Portugal

L. Cabral
1974 Reconhecimento da independência por Portugal; 1980 Golpe de Estado.

25 jun
Moçambique

Part. Afr. D’Independ.(PAIGC)
S. M. Machel


6 jul
Cabo Verde

Rassembl. Dém. Du Peuple Dês. Com.
A. Pereira



Camarões
França
Movim. Libert.(MLSTP)
Ahmed Abdalah
1975 Golpe de Estado (Ali Soilih); 1978 Golpe de Estado ( S. Ben-Alí)

12 jul
S. Tomé e Principe
Portugal
Movim. Pop. de Libert. (MPLA)
M. Pinto da Costa


11nov
Angola

Frente Polisário
Agostinho Neto
1975 Guerra Civil; 1979 Sucessão J. E. dos Santos
1976
4 mar
Saara
Espanha
Seych. Dem. Party
Mahomed Lamine
Guerra contra o Marrocos, e até 1979 contra a Mauritânia.

28 jun
Seychelles
Inglaterra

J. M. Mancham
1977 Golpe de Estado (rené); 1978 República do partido único
1977
27 jun
Djibuti
França
Zimb. Afr. National Union (ZANU/PF)
Hassan Gouled

1980
18 abr
Zimbawe
Inglaterra

R Mugabe


LOPES, Mônica Ana & ARNAUT, Luiz. História da áfrica: uma introdução. Belo Horizonte. Crisálida 2005.
Postado por Safira da África