sábado, 16 de junho de 2012

Confusão na "Primavera Árabe"




Há diversos interesses nos eventos históricos dos últimos meses no mundo árabe. Washington quer destruir um dos pilares do "eixo do mal" e, de quebra, o Irã, que o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu sonha em bombardear. Com a saída inglória do Iraque, acuados no Afeganistão (de onde sairão em breve), odiados não somente pelos talibãs, mas também por uma população exasperada pelos "abusos", os Estados Unidos se demonstram reticentes sobre uma nova aventura militar na Síria e colocam as fichas na queda do presidente Assad como uma forma de reconquistar poder na região. No caso das autoridades israelenses, a posição é expressa por Efraim Halevy, ex-diretor do Mossad e antigo conselheiro nacional de segurança, para quem a queda do regime de Damasco, ao enfraquecer Teerã de maneira decisiva, impediria o bombardeio do Irã. Mas qualquer opinião pública nesse sentido, e Tel-Aviv sabe, se voltaria obrigatoriamente contra a oposição síria. E certas vozes de Israel se inquietam pelas consequências que teria uma guerra civil na Síria, já que poderia acabar com a tranquilidade reinante na fronteira entre os dois países. 

A Rússia e a China, por sua vez, temem o aumento do poder dos islâmicos e do unilateralismo europeu e norte-americano. Por isso, até agora, vetaram todas as resoluções do Conselho de Segurança da ONU em relação à Síria, alegando preferência por uma solução negociada. 

Todas essas manobras se dão em um Oriente Próximo já profundamente desestabilizado após as guerras empreendidas pelos Estados Unidos (Afeganistão, Iraque) e Israel (Líbano, Palestina): Estados enfraquecidos; crescimento do papel das milícias (Iraque, Curdistão, Afeganistão, Líbano, Palestina), em geral armadas de poderosos meios convencionais, notadamente mísseis; tensões interétnicas que ameaçam minorias etc. É nesse contexto instável que eclodiram as revoltas árabes. Elas reivindicam a liberdade, a dignidade (karama), a democracia e a justiça social. Se por um lado destituíram presidentes na Tunísia e no Egito, os casos da Líbia e do Iêmen geram certa decepção da opinião ocidental, à qual acompanha esses acontecimentos através das simplificações enviesadas da mídia.


Veja um vídeo didático sobre a queda do ditador Khadafi na Líbia.


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