Na África convivem diferentes organizações políticas. Existem micros estados fortemente hierarquizados socialmente, sendo revezados entre famílias. Não existia a mobilização social.
A África é
múltipla e poligâmica o homem pode ter muitas mulheres, porém elas não são
subordinadas a eles, não são sustentadas pelos homens, elas tem suas próprias
casas e são visitadas pelo marido, que são hospedes apesar da casa ter sido
dada por eles. O homem precisava ser rico e quem escolhia as outras mulheres
para o marido era a mulher mais velha. Casamento pressupõe o pagamento da
noiva, isso era uma forma de valorizar a mulher (Cultura Ioruba). Quem trabalha é a mulher, o comércio
era coisa de mulher, elas costumavam ser mais ricas que o marido. Controlavam o
varejo e o atacado. A condição social da mulher na África, na chegada dos
europeus, era superior da mulher européia. A criança quando nasce a mãe se
dedica totalmente a ela por dois ou três anos e todas as outras esposas também
são mães da criança.
O velho é venerado e reverenciado, não se fala com o velho na mesma altura do olhar. É considerado perigoso, pois está mais perto da morte, ou seja, de se tornar divindade.
As casas da Europa quando chega à África no século XVI, eram de taipa de pilão enquanto que as casas africanas já eram feitas de pedras.
O velho é venerado e reverenciado, não se fala com o velho na mesma altura do olhar. É considerado perigoso, pois está mais perto da morte, ou seja, de se tornar divindade.
As casas da Europa quando chega à África no século XVI, eram de taipa de pilão enquanto que as casas africanas já eram feitas de pedras.
O poder militar
africano era pequeno porque os canhões eram fixos. A supremacia militar só vai
acontecer no século XIX com rifles de repetição, espingardas de ferrolho e
depois a metralhadora. Os europeus entram na África violentamente e
desarticulou suas estruturas. Houve uma segunda colonização na África pela sua
própria gente, os jovens que saem para estudar fora e traz uma cultura
ocidental. São essas mesmas pessoas ocidentalizadas que entram no comando.
O europeu tinha
o domínio tecnológico e não o bélico. Quando chegava a certos lugares na África
para comercializar, os reis lhes ofereciam escravos. Vendia-os para obter bens
de prestígio para ter mais amigos, por exemplo. O comércio escravo não era uma
perversidade, mas uma condição política e econômica. Era vendido o inimigo, o
adversário para se livrar dele. Os africanos não eram comprados por pouca
coisa, mas por coisas de muito valor, conchas das Maldivas, tecidos de algodão
da Índia, cutelaria e armas da Alemanha, cobre por ouro, eles não tinham cobre
e por isso valia muito.
Aqui no Brasil, a cana-de-açúcar era produto asiático e o trabalho era africano. A indústria (engenho) era acoplada a área agrícola.
Aqui no Brasil, a cana-de-açúcar era produto asiático e o trabalho era africano. A indústria (engenho) era acoplada a área agrícola.
A estrutura da
casa grande brasileira foi propagada pela África. A arquitetura das casas era
européia, mas a estrutura das famílias era africana.
No primeiro
momento todos os protetorados que entrasse na África tinham que pagar impostos
aos reis africanos. No século XIX, por causa da superioridade tecnológica
européia as coisas mudam.
No congresso de
Berlim (1884/1885) discute-se a África e decide-se que lá era “lugar de
ninguém”, tinha formas políticas arcaicas e por esse motivo a Europa tinha a
missão de civilizá-la para chegar num desenvolvimento europeu. A partir daí, se
começa a fazer os mapas dividindo-a. Uma partilha irracional, dividindo povos
pela metade, colocando povos inimigos num mesmo espaço. Até hoje não se
consegue harmonizar esses povos.
Quanto à escravidão, na África já existia uma escravidão, porém doméstica. A escravidão nunca foi e nunca será benéfica, pois ela se baseia na violência e é um comércio. O que diferencia a escravidão da África e outros lugares, é que ela é racista. Na Grécia, Calcaso, Reino Unido, Bretanha qualquer um podia ser escravo, bastava ser inimigo e capturado.
Quanto à escravidão, na África já existia uma escravidão, porém doméstica. A escravidão nunca foi e nunca será benéfica, pois ela se baseia na violência e é um comércio. O que diferencia a escravidão da África e outros lugares, é que ela é racista. Na Grécia, Calcaso, Reino Unido, Bretanha qualquer um podia ser escravo, bastava ser inimigo e capturado.
Na América a
partir do século XVII, negro e escravo passou a ser sinônimo, tanto aqui no
Brasil como na África, ser descendente de escravo é algo pejorativo, porém na
África é só a pessoa mudar de lugar que sua condição de descendente de escravo
desaparece, aqui no Brasil a cor da pele condena onde quer que esteja.
Texto adaptado por Núbia Esteves a partir da aula inaugural do embaixador Alberto da Costa e Silva - curso do museu Afro Brasil,14/05/2005.
Postado por Safira da África
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