África: Berço da humanidade
Segundo Elisa Larkin Nascimento em Introdução à história da África,
a África é considerada o berço da humanidade e da civilização porque podemos
verificar que passando por ancestrais pertencentes a várias espécies do gênero Australopithecus e às espécies primitivas do gênero Homo (desde o Homo habilis até o neandertal e seus pares) -
que o caminho evolutivo conduz o Homo sapiens ao homem moderno. Afirma a autora,
e hoje é consenso entre cientistas que esse processo evolutivo teve seu começo
na África.
O Homo
erectus, hominídeo autor de importantes avanços na manufatura de
implementos como o machado, teria saído da África há quase dois milhões de
anos, em ondas migratórias rumo à Ásia e à Europa, iniciando o povoamento
do mundo. E, segundo a autora, o consenso científico sustenta ainda que o homem
moderno (Homo sapiens sapiens) também evoluiu na África e de lá saiu, há
mais ou menos150 mil anos, em uma segunda fase de ondas migratórias através da
Eurásia. Isso é comprovado pelas ossadas fósseis, pelos indícios da manufatura
de implementos e da arte primitiva encontrada no continente africano.
E como se não bastassem as evidências
acima, as pesquisas na área genética indicam com nitidez uma origem comum do
homem moderno na África.
Assim a transformação de formas
arcaicas do Homo Sapiens em formas modernas teria ocorrido primeiramente na
África, o que nos levaria a concluir que todos os humanos de hoje são
descendentes de africanos. Estes se espalharam pela Eurásia dando início a um processo
de intercâmbios genéticos, que se processa até hoje. Esses intercâmbios teriam
provocado novas características às populações locais.
Josué Geraldo Botura do Carmo Agosto/2006
A Lenda da Criação (Baseada em conhecimentos empíricos sobre o
Candomblé e em obras literárias diversas sobre os mitos yorubás).
Ao contrário
do que se pensa, o Candomblé é uma religião monoteísta, ou seja, seus fiéis
acreditam em um único Deus Supremo, chamado por muitos nomes em virtude de
contrações e adaptações das línguas africanas, principalmente o yorubá. Os dois
nomes mais conhecidos do Ser Supremo são Olodumaré e Olorum. A palavra
Olodumaré é contração das palavras Ol' (oni) odu mare (ou ma re ou mo are). A
palavra Ol' (oni) significa senhor, parte principal, líder absoluto, chefe,
autoridade. Odu traduz-se como algo muito grande, um recipiente profundo, algo
muito extenso, pleno. A parte final do nome Olodumaré parece ser originada
tanto de mare (aquele que é absolutamente perfeito, o supremo em qualidades),
quanto das combinações ma re (aquele que permanece, aquele que sempre é) ou mo
are, que é aquele que tem autoridade absoluta sobre tudo o que há no céu e na
terra e é incomparável. Já o nome Olorum é resultado da contração de Ol' (oni)
e Orum, que quer dizer céu, designando o Senhor do Céu.
Assim como nas
demais religiões monoteístas, segundo o Candomblé, Olodumaré criou o mundo
material e tudo que está nele, inclusive o homem. Para ajudá-lo nessa tarefa,
Olodumaré criou também os Orixás, forças sobrenaturais que habitavam o Orum
(Céu) e se concretizaram associados às forças da natureza e seus elementos,
manifestando-se através desses.
Pois bem.
Conta à lenda que no princípio dos tempos existiam dois mundos: o Orum, espaço
sagrado dos orixás, e o Aiyê, espaço dos seres vivos. No Aiyê primitivo só
existia água. Um dia Olodumaré resolveu recriar o espaço para a humanidade que
também criaria. Incumbiu, então, seu filho primogênito, Orixanilá (o nome mais
sagrado de Oxalá) da execução dessa tarefa. Entregou-lhe uma cabaça contendo
ingredientes especiais: a terra escura inicial, a galinha de cinco dedos, uma
pomba e um camaleão. A terra escura deveria ser lançada sobre a imensidão das
águas. A galinha de cinco dedos deveria ir ciscando a terra para alargá-la o
mais que pudesse. A pomba, ao voar, orientaria a extensão da terra expandida e
criaria o ar. E o camaleão, atento a tudo, observaria a execução da tarefa
atribuída a Orixanilá, para reportar os fatos a Olodumaré. Assim foi explicado
e, com seu cajado (opaxorô) e a cabaça da criação, Orixanilá iniciou sua
caminhada do Orum para o Aiyê. Passou por Bará (Exu) e não pagou as oferendas
devidas, mesmo tendo consultado Ifá e sabendo que devia fazê-lo. Em
conseqüência disso, no meio do caminho Orixanilá sentiu-se cansado e com sede.
Parou para descansar, bebeu um pouco de emu (vinho da palmeira do dendezeiro)
e, embriagado, adormeceu. Seu irmão caçula, Oduduà (mais um nome da família de
Oxalá), tendo-o seguido, recolheu a cabaça da criação e levou a notícia do
ocorrido a seu pai, Olodumaré, pedindo a ele que o deixasse cumprir pelo irmão
aquela tarefa de grande importância. Olodumaré concordou e, enquanto Orixanilá
dormia, Oduduà criou a terra dos seres vivos. Depois de a galinha ciscar a
terra, a pomba orientar a expansão do ar e o camaleão, que deu origem ao
elemento fogo, verificar se a tarefa fora cumprida, surgiu a terra firme ou Ilê
Ifé (que no idioma yorubá significa "terra que foi sendo ciscada").
Orixanilá então, vendo o mundo pronto, mostrou-se arrependido do seu ato de irresponsabilidade
perante o pai. E, para que não se sentisse tão humilhado, Olodumaré resolveu,
em um supremo ato de inspiração, dar a Orixanilá uma tarefa de tanta
importância quanto a primeira: a de criar o homem que habitaria o Aiyê.
Orixanilá usou o barro e a água para esculpir bonecos inanimados de todas as
formas e de todas as cores. Olodumaré, então, soprou a vida nas narinas dos
bonecos de barro, criando os seres humanos. Esse sopro da vida é chamado pelos
yorubás de emi. Estavam então criados o mundo e o homem.
Referências
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